domingo, 30 de janeiro de 2011

Valdick Soriano...

Inusitado título, não?
Cantor rotulado como "brega"...
Por quê o cito e lembro?
Por uma canção, da qual ignoro o nome (e sequer me darei ao trabalho de buscar no "sabe tudo" Google) e me fez refletir. A frase contundente e inspiradora, creio que refrão, diz assim: "Eu não sou cachorro não..."
Claro que o "cachorro" neste contexto é um cafajeste e leviano.
Mas os "canídeos" o são?

Mudando "de saco pra mala"; uma reflexão minha de tempos atrás, sobre o termo "desumano".
Justificativas sobre gestos e atitudes grotescas e cruéis, violências e crimes...Desumanos?
Acaso observam os ditos "animais" agindo assim?
Seguem seu instinto, a lei da sobrevivência...Sequer consciência e discernimento possuem.
Ao menos que saibamos...
Mas somos hipócritas, senão em essência, mas em atitudes, né?
Estes gestos nossos, que justificamos usando o pretexto da bestialidade, são plenamente humanos...e nada além!

Em minha imperfeição humana quis ser um simples e leal cachorro nesta madrugada.

Vivo de inconstâncias, fragilidades e questionamentos.
Um cão de rua, "vira lata", rotulado de SRD (sem raça definida) pelas "consciências" humanas inspirou este grotesco e tolo texto.
Minha manifestação insensata.
Ele é um "lord", um cavalheiro...com uma dignidade e postura contundentes.
Seu olhar é terno, compreensivo e acolhedor.
Por ser um cão de médio porte e com pelagem branca e preta, ouvi o chamarem de "Mancha"...e assim o chamo, e assim ele me acolhe e atende.
Os "guaipecas" (cães sem "estirpe" e pedigree) geralmente são expansivos...latem desnecessariamente.

"Mancha", que conheço fazem muitas semanas...nunca ouvi latir.
O acolhi em meu lar, apenas para dar um lanche e retribuir o carinho e afetividade que ele demonstrou. Gostaria de adotá-lo de fato, mas hoje sequer tenho estrutura, condições e renda para tanto.

Nesta madrugada, voltando para casa, nos encontramos...
Ele tem uma "namorada". Convidei os dois para um "lanche".

Me recordei da primeira vez que "Mancha" me seguiu e que "quebrei o galho" dele com uma refeição...
O fiz adentrar em meu lar, o mostrei para meu pai...e saí na rua para lhe dar a refeição necessária e nutritiva; apaziguadora da fome de um "pária".
Mas a fome dele não era apenas de nutrientes sólidos...
Poucos instantes após ter-lhe proporcionado a refeição, patas rangeram minha porta, lamúrias ouvi...ele se manifestou!
O "rango" era bem vindo e necessário, sim.
Mas a fome dele era de afeto e atenção...assim como a minha.
Valdick!
Brega ou não, tua poesia repercutiu.
Mas eu, diferentemente do que ela diz e enaltece, "sou cahorro sim".
Pois sou leal e nada mais quero além de atenção e afeto...

Hei de fazer do "Mancha" meu cão...na verdade, inferior que sou, fazer-me dele, seu humano patético de estimação.

Uivemos para a lua!
Deixemos nossa bestialidade se manifestar.
É melhor ser animal do que humano.

Amor verdadeiro e incondicional, até podemos encontrar em raras pessoas...mas neles, fiés e afetuosos cães, isso faz parte da natureza, daquilo que os compõem.

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